tudo passa

A Medicina amordaçada

Por Dr Edmar Fernandes - Dermatologista

Por Mais Ceará em 04/05/2021 às 12:12:50

Os últimos anos têm sido difíceis para a Categoria Médica no estado do Ceará. Inúmeros profissionais trabalhando na linha de frente durante a Pandemia sem receber gratificação, faltando Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e com equipes médicas reduzidas nos plantões sobrecarregando o trabalho destes profissionais. Quando se iniciaram a imunização contra a COVID-19, a maioria dos médicos foram impedidos de tomar a vacina porque o Governo do estado alegou que não era prioridade, mesmo após inúmeras tentativas do Sindicato dos Médicos do Ceará em reverter esta decisão. Como consequência, o número de óbitos dos profissionais médicos, é alarmante. Cerca de 25% das mortes por COVID-19 dentre os profissionais de saúde, são de Médicos e, apesar disso, o Governo do estado e a Secretaria do Estado do Ceará (SESA) negaram priorizar a categoria médica na vacinação ou valorizar o esforço dos Médicos nas emergências pagando a gratificação devida.

Depois de mais de uma década aguardando a implantação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) dos servidores do estado, os Médicos servidores frustram-se após as atualizações dos valores, pois muitos Médicos não notaram acréscimo e o retroativo, tão aguardado, foi negado pelo Secretário de Saúde, mesmo após várias reuniões com os representantes dos Médicos e o Sindicato dos Médicos de Ceará, quando era tácito o indicativo de pagamento do retroativo. Vários Médicos têm sido barrados em diversas unidades de saúde como o Hospital Waldemar Alcântara (HWA) e Instituto Doutor José Frota (IJF) dentre outros, para poderem acompanhar seus pacientes ferindo o Código de Ética Médica (CEM). É notório o medo dos jovens médicos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e nos diversos Postos de Saúde no estado em denunciar irregularidades como salários atrasados, assédio, constrangimento, falta de insumos para o atendimento da população de forma adequada, pois temem serem perseguidos e perderem os seus empregos.

O trabalho médico é de liderança e aperfeiçoamento do ambiente que o cerca. São notórias as críticas construtivas que emergem nos diversos serviços de saúde, público quanto no privado capitaneado pelos colegas Médicos com o objetivo de melhor atender a população e correção de injustiças que possam existir quanto aos direitos da categoria. Nos últimos meses, vários ofícios foram encaminhados ao CESAU solicitando detalhamento e justificativas de vários repasses e pagamentos efetuados pelo Governo do estado, pois existem suspeitas de irregularidades nestas transações. No meio de uma Pandemia com evidências de fraudes, é importante o esclarecimento de todos os gastos, principalmente, os sem licitação, pois significam vidas. Em vez de o Governo do estado se prontificar em acatar os questionamentos, explicar os gastos e transações e parar com os desvios de verbas injustificadas ou com indícios de corrupção, oGovernador Camilo Santana (PT) assinou um decreto que retira a cadeira do representante Médico no Conselho Estadual de Saúde do Ceará (CESAU) de forma arbitrária e sem discussão com a classe médica.

O Sindicato dos Médicos do Ceará já solicitou reconsideração desta medida ao Governo do estado e esperamos que, desta vez, os Médicos do estado do Ceará não sejam punidos por exercerem sua cidadania dentro do nosso estado.


Edmar Fernandes - Dermatologista


CRM 7577 RQE 5373

Fonte: Edmar Fernandes - Dermatologista

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