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"Decreto que o governo fez era um retrocesso", diz ex-presidente da Sabesp sobre Marco do Saneamento

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta quarta-feira, 3, um projeto de decreto legislativo (PDL) que derruba decretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que alteraram as regras do Marco Legal do Saneamento Básico.

Por Mais Ceará em 04/05/2023 às 11:05:28

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta quarta-feira, 3, um projeto de decreto legislativo (PDL) que derruba decretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que alteraram as regras do Marco Legal do Saneamento Básico. Aprovado com 295 votos a favor e 136 contra, o texto segue para o Senado, que precisará se posicionar para que as alterações feitas por Lula deixem de valer ou sejam mantidas. Para analisar a questão do saneamento no país, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o professor da FGV e ex-presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Gesner Oliveira, que comemorou a aprovação do PDL: “Os decretos que o governo fez eram um retrocesso. Nós temos um grande desafio, independente das disputas políticas, o grande desafio do Brasil é dar serviços básicos de saneamento para a população que infelizmente não tem. Metade da população brasileira não tem serviços de coleta de esgoto. Isso não pode continuar, para o bem da saúde, da educação e do meio ambiente no país”.

“O novo marco do saneamento era um passo importante e foi um passo importante, aprovado em 2020, no sentido de aumentar os investimentos (…) O que o governo fez foi tentar criar novamente uma reserva de mercado para empresas estatais que não estavam desempenhando bem. Dá uma sobrevida a contratos irregulares que não tinham as mínimas condições para prover o serviço à população. O que a Câmara fez foi tirar esses elementos, não permitir que contratos irregulares possam continuar e não permitir que possa haver a contratação de serviços sem licitação. Uma estatal pode operar naturalmente, mas com licitação e competição pelo mercado. Acho que foi um passo positivo. Claro que isso vai para o Senado e pode ser aperfeiçoado (…) Espero que o Senado aperfeiçoe ainda mais e que a gente tenha um único foco: dar serviços básicos de saneamento para a população. Sem isso, o país não pode nem pensar em desenvolvimento”, argumentou.

A respeito da privatização da Sabesp, que tem sido ventilada e estudada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Rpeublicanos), o ex-presidente da companhia avaliou que a entrada da iniciativa privada seria positiva: “Acho que ela [Sabesp] pode ir muito melhor se ela for uma empresa privada. Porque você não tem interferência, a cada quatro anos não muda a direção da empresa, às vezes tem que mudar, às vezes tem continuar. A empresa fica menos ao sabor das oscilações da política, o que é bom, e não tem as amarras que uma empresa estatal naturalmente tem. Acho que a Sabesp tem um histórico fenomenal. É uma empresa muito boa, a que mais investe em saneamento no país, porém nas mãos do setor privado poderia fazer muito mais. Como esse tema é essencial para o desenvolvimento, eu acho que é algo positivo caminhar, com toda a transparência e todos os estudos técnicos necessários, no sentido de privatizar a empresa”.

Para Gesner, todo o debate recente a respeito da pauta do saneamento básico tem sido fundamental para que a sociedade tenha consciência da necessidade de debater este tópico: “Felizmente o tema do saneamento entrou no debate nacional. É um tema importante e as pessoas começam a entender. Na verdade, hoje há uma pressão em relação ao meio ambiente. As novas gerações estão preocupadas com a poluição dos cursos d’água. A gente está vendo o avanço que representa para São Paulo a despoluição do rio Pinheiros, por exemplo, como isso muda a cidade. Como é importante fazer investimentos no Rio de Janeiro para despoluir a baía da Guanabara. Alguns sinais de melhora estão ocorrendo e a população começa a perceber que isso é essencial para ela”.

“Tantas comunidades nas nossas capitais têm um problema seríssimo quando tem enchente, o esgoto extravasa, entra nas casas, as crianças ficam brincando no esgoto e isso gera milhares de internações por diarreia. Isso não pode continuar. A questão óbvia da importância do saneamento está começando a ser entendida pela classe política e eu espero que a sociedade pressione para, sem picuinhas políticas de partido A e partido B, o importante é que em 2033 nós estaremos realmente próximos à universalização dos serviços. Isso tem que ser uma questão de honra no Brasil”, finalizou o especialista. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.

Fonte: JP

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