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Coronavírus pode causar lesões de retina, revela estudo brasileiro

Por Mais Ceará em 12/05/2020 às 21:00:09

Segundo o oftalmologista Rubens Belfort Júnior, um dos autores do estudo e presidente da Academia Nacional de Medicina, até agora a conjuntivite era a única manifestação da Covid nos olhos.

Além dos 12 casos relatados no estudo, há outros 13 pacientes sendo acompanhados pelo grupo, inclusive alguns que precisaram de internação.

"Os pacientes não reclamam que estão enxergando mal, mas testes específicos de fisiologia de retina mostram lesões anatômicas que podem ter um correspondente funcional. Não sabemos ainda qual é."

Para ele, a situação é parecida com aqueles casos de Covid-19 em que o paciente aparentemente se sente bem, apenas com um pouco de tosse, e quando faz uma tomografia de tórax e encontra uma grande lesão no pulmão.

O exame feito na retina se chama tomografia de coerência óptica, que usa luz, e não radiação. Ele analisa as estruturas micrométricas da retina que estão alteradas.

"Não é um exame perigoso, não dói, pode ser repetido muitas vezes ao dia. É como se tirasse uma fotografia do olho", explica Belfort Júnior.

O objetivo agora é acompanhar o que vai acontecer com esses pacientes e ver, por exemplo, se a lesão vai desaparecer ou piorar ao longo do tempo.

"Temos apenas três semanas de conhecimento sobre isso. Quisemos publicar logo para que outros grupos do Brasil e do mundo prestassem atenção a essas lesões", diz.

Segundo o médico, as lesões estão localizadas junto às células ganglionares, que são um tipo de neurônio encontrado na retina. Elas também existem no sistema nervoso central, dão suporte às funções neurológicas.

"Isso pode ser um biomarcador da presença de lesões no sistema nervoso central que não são clinicamente perceptíveis", explica.

Essa possibilidade é importante porque descobertas recentes têm demonstrado que uma parte dos pacientes da Covid-19 desenvolve também alterações cerebrais.

"Esses sinais na retina podem ser uma maneira simples e rápida de detectar alguma eventual correlação com o sistema nervoso. É mais um indício de que o coronavírus tem uma predileção pelo sistema nervoso."

Fonte: Banda B

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