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Pesquisa da UFPR descarta transmissão de coronavírus de cães para humanos

Por Mais Ceará em 01/12/2020 às 18:51:36

Os animais domésticos (gatos e cães) podem transmitir o vírus Sars-CoV-2 para humanos?

Cães e gatos podem ser infectados pelo vírus causador da Covid-19 nos seres humanos. Entretanto, até hoje, entre os milhões de casos que ocorreram nas pessoas ao redor do mundo,não existe nenhum único relato de transmissão do vírus Sars-CoV-2 de cães e gatos para pessoas.

Até agora, após todos esses meses de pandemia, os resultados que temos nos levam a concluir quecães e gatos não participam do ciclo de transmissão do vírus, embora se infectem e possam demonstrar alguns sinais respiratórios ou digestivos, no geral, não se detecta mais o vírus no animal após 3 a 15 dias, dependendo da espécie.

Gatos são um pouco mais suscetíveis e podem transmitir para outros gatos. Em cães não há esse relato. Mas nenhuma das duas espécies transmite para seres humanos.

A presença do vírus Sars-CoV-2 em animais quer dizer que ele tenha Covid-19?

O vírus denominado Sars-CoV-2 não é a mesma coisa que a doença. Não há, até o momento, nenhuma doença em espécie animal ocasionada como consequência da infecção do vírus Sars-CoV-2. Temos apenasa Covid-19 que atinge somente seres humanos.Cães e gatos podem ser infectados pelo vírus, mas não desenvolvem doença,eliminando essa infecção viral em poucos dias.

Como os dois cachorros que testaram positivo adquiriram o vírus?

Fizemos a quantificação viral dos tutores, que estavam com Covid-19, e de seus cães.Concluímos que foram os tutores que transmitiram o vírus para os animais, pois a quantidade de vírus nas pessoas era bem maior. Os dois cães que positivaram tinham um histórico de dormir na cama com seus tutores, alto contato, lambidas e beijos e esse é o motivo que levou à infecção.

A agenda de vacinação de animais domésticos contempla vacinas contra uma espécie de coronavírus. Esse coronavírus é o mesmo do que o que causa Covid-19?

Não.São vírus diferentes, apesar de serem da mesma família. Da mesma forma, espécies distintas do vírus influenza causaram a gripe aviária e a gripe suína.

O Sars-CoV-2, originado em Wuhan na China, e depois causador da pandemia é diferente daquele já conhecido que acomete o sistema digestivo dos cães e está contemplado na agenda de vacinação.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Esse tipo de coronavírus que possui a vacina animal não é tão infeccioso, mas se associado com outros vírus causadores de problemas entéricos, como o parvovírus, pode levar a sinais clínicos bem graves e até a morte do animal.

Então essavacina canina NÃO confere imunidade para o novo coronavírus(Sars-CoV-2), que pode infectá-los sem causar sinais clínicos e de forma transitória.

Apesar de cães e gatos não desenvolverem a doença, os tutores contaminados devem adotar medidas de prevenção também com relação a eles. Quais cuidados os tutores contaminados devem ter com animais de companhia?

É o mesmo cuidado devem ter em casa, com familiares e outras pessoas que moram junto, se alguém testar positivo. Os tutores de animais de companhia, uma vez que tenham sido infectados, devem se manter emdistanciamento social dos demais seres humanos e animais. O cuidado éevitar beijos, abraços, lambidas e carinhos durante aproximadamente de 15 diase só quando não houver mais eliminação do vírus por via aerógena, voltar o contato normal. As pessoas também devem usar máscaras e lavar as mãos ou usar álcool em gel antes de manusear recipientes de comida e caixa de areia.

Qual a importância de realizar esse estudo, feito pela UFPR, para os dados e as descobertas sobre coronavírus em cães e gatos?

Oestudoque estamos fazendo, coordenado pela UFPR mas que envolve outras universidades e instituições em seis capitais brasileiras, é muito importante porqueajuda os tomadores de decisão, os profissionais dos centros de controle de zoonoses e dos órgãos gestores da saúdea entenderem que os cães e gatos não oferecem riscos de transmissão da doença, ou seja, não são reservatórios da doença.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Na Europa, recentemente foicomprovadoque visons estavam sendo infectados com o vírus por humanos e retransmitindo novamente para pessoas. Esse fato resultou até em medidas de eutanásia em massa desses animais em alguns países.

Por isso é tão importante que esse estudo financiado pelo CNPq e pelo Ministério da saúde seja desenvolvido no Brasil. Esse é o primeiro estudo desse tipo em um país tropical e primeiro da América Latina, outra pesquisa similar só foi feita na Itália. Com os resultados preliminares, percebemos que cães e gatos não participam do ciclo de transmissão desse vírus.No entanto, animais como visons e outras espécies assemelhadas podem sim se infectar, ter sinais clínicos e transmitir para pessoas. Assim, é fundamental que estudos sejam feitos e auxiliem na tomada de decisões acertadas por parte dos governos.

Abandono jamais é opção!

O fato de cães e gatos poderem se contaminar com Sars-CoV-2,não pode ser justificativa para o abandono de animais.Abandono é crime, caracterizado também como crime ambiental e maus tratos, que recentemente vem sendo considerado ainda mais severo. Lembrando que cães e gatos não adoeçam e não transmitam para humanos.

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Fonte: Banda B

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