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Região Norte é a que menos vacina contra a gripe no país

A região Norte tem a cobertura vacinal contra a gripe mais baixa do país, com 28,3%, segundo a plataforma da Secretaria de Informação e Saúde Digital, vinculada ao Ministério da Saúde.

Por Mais Ceará em 19/05/2023 às 13:28:10

A Secretaria da Saúde de Roraima afirmou que reforça junto à população a importância da imunização como o único meio seguro de evitar complicações por gripe. Segundo a pasta, os municípios de Amajari, São Luiz e Uiramutã estão, no momento, com cobertura vacinal zerada.

A Folha procurou o Governo do Acre para comentar sobre o baixo índice, mas não houve resposta.

“No Norte as regiões são mais distantes, de acessos mais difíceis e que registram menos as doses aplicadas, então você tem sub-registros. Há menos salas de vacina, menos capacitação”, afirma o pediatra Renato Kfouri, vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações). “É a estrutura de uma região amazônica comparada com a de uma grande metrópole do Sul e do Sudeste”, comenta.

O cenário da baixa cobertura prevalece no país. Desde segunda (15), a vacina contra o vírus influenza foi liberada a todos os brasileiros com mais de seis meses de idade. Até a noite de quarta (17), o ministério não havia disponibilizado no painel os dados de vacinação do público em geral.

A reportagem perguntou às federações se já estenderam a imunização. No Piauí, a Secretaria Estadual da Saúde afirmou que não há como precisar. Na capital Teresina, a medida valerá a partir da próxima segunda (22). A Secretaria de Saúde de Minas Gerais disse apenas que a oferta segue a disponibilidade de doses e a estratégia definida pelos municípios. Nos demais estados e no Distrito Federal, a ampliação já começou.

Até as 19h15 de quarta-feira, o Brasil já havia aplicado mais de 25,8 milhões de doses da vacina contra a gripe.

No período, a taxa de cobertura vacinal dos grupos considerados para o cálculo oficial totalizou 34,2%. A meta é chegar a 90%.

A reportagem perguntou ao Ministério da Saúde sobre a distribuição de doses aos estados, mas até o a publicação não obteve resposta.

Segundo o pediatra, a alta procura pela vacina está relacionada ao risco. “A campanha da gripe tem uma característica que é vinculada à atividade do vírus naquele ano. Quando há uma atividade maior, uma cepa mais agressiva e uma temporada com mais casos, hospitalizações e óbitos, a adesão à campanha é muito maior. Neste ano, apesar de a temporada estar no início, ainda não houve a adesão que a gente gostaria, infelizmente”, diz Kfouri.

“Pela primeira vez, estamos abrindo a campanha para a população, e isso é motivo de debate. Jogar fora a vacina não é interessante. Abrir a campanha só depois que começou a temporada de influenza -a vacina leva um mês para fazer efeito- também não é interessante. Abrir para toda a população precocemente tem a vantagem de usar a vacina na maior parte da população no tempo correto, antes da temporada de inverno”, afirma.

Para o médico sanitarista Adriano Massuda, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), é necessário o fortalecimento da Atenção Primária e do Programa Nacional de Imunização, além de inovar e melhorar a comunicação com a população.

“Não basta levar a vacina. O ministério precisa fazer a população entender a importância da vacinação, ao mesmo tempo em que precisa retomar as visitas dos agentes comunitários de saúde fazendo busca ativa e, identificando os grupos vulneráveis. É necessária uma medida mais enérgica do governo federal, no sentido de cobrar dos estados que cobrem dos municípios uma ação para mudar essa realidade”, diz Massuda.

“Não dá para fazer uma análise fria sem levar em consideração todo o processo de desconstrução que se passou nos últimos seis anos. Os altos indicadores que nós já tivemos foram construções de anos, de forte investimento conscientizando a população da necessidade da vacinação, envolvendo o Programa Nacional de Imunização junto com a expansão da Estratégia Saúde da Família”, complementa o professor.

Massuda defende a formação de um pacto político. “Se há dificuldade para aumentar a cobertura da vacinação, o governo federal deve chamar os governadores e prefeitos das capitais para falar sobre a necessidade de fortalecer os programas de imunização, e que também eles se responsabilizem por isso.”

As fake news e a descrença da população nas vacinas também têm uma parcela de responsabilidade, segundo Massuda.

“Essa herança bolsonarista desestruturou o sistema de saúde e colocou uma dúvida em grande parte da população, inclusive em profissionais da saúde, discutindo a eficácia das vacina. É fundamental que isso seja levado em conta. Não é mera ineficiência do sistema de saúde”, afirma.

O Ministério da Saúde recomenda duas doses da vacina contra o vírus influenza para as crianças de 6 meses a menores de 9 anos de idade, que serão vacinadas pela primeira vez. O intervalo deve ser de 30 dias, no mínimo. A partir dos 9 anos, a dose é única.

A gripe é uma infecção aguda do sistema respiratório, provocada pelo vírus influenza, que possui grande potencial de transmissão.

Os sintomas mais comuns são tosse, falta de ar, febre, dor de cabeça, de garganta e no corpo, mal-estar, calafrios, secreção nasal excessiva, fadiga e diarreia.

Febre alta e dificuldade para respirar são sinais de agravamento. A principal complicação é a pneumonia, mas o paciente pode ter piora das doenças crônicas, otite, sinusite e desidratação.

“De sete a oito de cada dez mortes por gripe que há todo ano no país ocorrem em grupos vulneráveis -idosos, crianças, doentes crônicos, gestantes”, alerta Kfouri.

Fonte: Banda B

Tags:   Saúde
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