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Após consolidação de vacinas, corrida agora é pelo melhor remédio anticovid

Por Mais Ceará em 26/11/2021 às 18:47:13

Desse modo, podem ser administrados em pacientes com comorbidades antes mesmo da contaminação, a depender da orientação médica. “Os anticorpos monoclonais atuam como os próprios anticorpos do nosso organismo. Com a diferença que eles são selecionados por sua forte capacidade de combater o vírus e, por isso, são produzidos como medicamentos”, explica o professor do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) Adriano Andricopulo. Já há anticorpos monoclonais aprovados no Brasil.

Segundo ele, por serem derivados de pessoas contaminadas ou mesmo de camundongos expostos a antígenos do Sars-CoV-2, os anticorpos monoclonais são agentes biológicos que provêm imunidade passiva. No caso da vacinação, há a imunidade ativa, já que é o próprio corpo que produz a proteção. O problema é que em alguns casos a vacinação não é suficiente para desencadear a produção desses anticorpos, a exemplo de alguns idosos ou imunossuprimidos. Nestes casos, os anticorpos monoclonais têm papel importante.

Bons resultados

Concorrente direta da Pfizer na corrida das vacinas, a AstraZeneca informou semana passada que seu coquetel de remédios AZD7442 é capaz de reduzir em 83% o risco de desenvolvimento de covid-19 sintomática ao longo de um período de seis meses. Para diminuir hospitalizações e mortes, a eficácia seria de 88%. O resultado foi obtido após estudo em mais de 5 mil participantes, que receberam o coquetel de remédios antes mesmo de serem contaminados.

O AZD7442 é uma combinação de dois anticorpos monoclonais de longa ação. Foi enviado pedido de uso emergencial à agência reguladora americana em outubro. Se aprovado, a AstraZeneca negociou o fornecimento de 700 mil doses do coquetel aos Estados Unidos. A empresa não informou sobre planos de pedir registro no Brasil.

Como diferencial, a farmacêutica anglo-sueca reforça que o medicamento pode ser complementar – uma vez que tem como foco pessoas imunocomprometidas, sujeitas a não responder bem às vacinas, e poderia ser usado por pacientes de alto risco antes mesmo de uma eventual infecção.

O AZD7442 poderia fornecer avanço significativo sobretudo para o controle da doença em pessoas sujeitas a dar respostas inadequadas às vacinas e em pacientes que estão tratando doenças como o câncer. Esses grupos, reforça Andricopulo, correspondem a cerca de 2% da população mundial.

No Brasil

Há seis medicamentos com uso emergencial aprovados pela Anvisa para a covid-19 no País, além de uma sétima solicitação em análise. Mais da metade desses remédios são anticorpos monoclonais, administrados por injeção intramuscular. Diferentemente da vacinação, que confere imunidade ativa, eles provêm a chamada imunidade passiva – imitando as defesas naturais do organismo e atuando contra a proteína spike do Sars-CoV-2.

Desenvolvido pela farmacêutica GSK, o sotrovimabe demonstrou redução de 79% em hospitalizações ou do risco de morte por covid, informou a fabricante. Segundo a empresa, o anticorpo monoclonal seria eficaz inclusive contra variantes como a Gama e a Delta, consideradas mais transmissíveis.

Já o Regn-Cov2, fabricado pela Regeneron em parceria com a Roche, reduziu a chance de desenvolver covid sintomática em 81,3%. Os dados foram disponibilizados em estudo clínico publicado na revista científica New England Journal of Medicine.

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Foto: Peter Ilicciev / Fiocruz

Segundo a Roche, a Conitec está avaliando as diretrizes para tratamento ambulatorial de pacientes com covid-19, o que contempla, entre outros medicamentos, os anticorpos monoclonais. “A Roche reforça que tem priorizado, globalmente, o fornecimento centralizado aos Ministérios de Saúde”, disse a farmacêutica. Desse modo, o Regn-Cov2 ainda não está disponível no Brasil nos sistemas público ou privado.

Produzido pela Celltrion Healthcare, o regdanvimabe é um remédio que, segundo estudos clínicos de fase 3 conduzidos pela farmacêutica, reduz o risco de progressão da covid-19 em 70%. Desenvolvido especificamente para o tratamento da doença, o medicamento deve ser administrado em até sete dias após o início dos sintomas. Em outubro, a farmacêutica brasileira Biomm, que também busca aprovação da vacina contra covid-19 da CanSino com a Anvisa, anunciou acordo com a Celltrion para distribuir o regdanvimabe no País.

O coquetel da farmacêutica Eli Lilly é outro aprovado pela Anvisa. Após estudos de fase 3, observou-se que ele reduziu o risco de hospitalizações e morte em 87%, informou a fabricante.

Somam-se a esses quatro anticorpos monoclonais o Remdesivir, antiviral injetável do laboratório Gilead, que tem benefício marginal no controle do vírus, e o Olumiant, inibidor seletivo da Eli Lilly, também usado no tratamento da artrite reumatoide. Segundo a fabricante, o remédio “potencialmente reduz em 38% a mortalidade de pacientes hospitalizados com covid-19”.

Análise

No caso do tofacitinibe, medicamento da Pfizer, um estudo clínico conduzido pela farmacêutica em parceria com o Hospital Albert Einstein aponta que ele poderia mitigar a inflamação sistêmica e alveolar em pacientes com pneumonia resultante de covid. O pedido para uso emergencial deste que seria o sétimo remédio anticovid foi recebido pela Anvisa em julho e ainda está em análise.

Nenhum dos remédios aprovados para uso no Brasil trata-se de pílula antiviral de via oral, solução possivelmente mais acessível entre as disponíveis e ainda a mais fácil de ser manuseada.

No âmbito dos planos de saúde, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula o setor, informou que os medicamentos aprovados pela Anvisa para tratar a covid não foram incorporados ao rol de procedimentos Saúde para uso ambulatorial A cobertura, portanto, não é obrigatória.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Banda B

Tags:   Saúde
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