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Ernesto Araújo será demitido? Entenda porque ministro está na mira do Congresso

Por Mais Ceará em 28/03/2021 às 08:20:51

Na noite da quarta-feira, 24, enquanto a Câmara dos Deputados votava um projeto de lei que permite que empresas e pessoas físicas paguem pela conversão de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) não destinados a Covid-19 em hospitais privados para o tratamento da doença, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), fez um duro discurso com recados ao Palácio do Planalto sobre o enfrentamento da pandemia no Brasil. Em sua manifestação, Lira afirmou que o Parlamento possui remédios “amargos”, alguns “fatais”. Apesar da alusão implícita a um eventual processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, parlamentares ouvidos pela Jovem Pan afirmam que o pronunciamento tinha um destinatário específico: o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

No Congresso, prevalece a leitura de que a postura ideológica do chanceler inviabilizou a interlocução do governo brasileiro com os Estados Unidos, China, Rússia e Índia, países que poderiam fornecer vacinas contra a Covid-19 para o Brasil. Em abril de 2020, por exemplo, o ministro publicou um texto em seu blog pessoal, intitulado “Chegou o comunavírus”, no qual denuncia um “plano comunista” que iria tirar proveito da pandemia de coronavírus para implementar sua ideologia por meio de organismos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais recentemente, o governo brasileiro se negou a reconhecer a vitória de Joe Biden sobre Donald Trump nas eleições presidenciais.

Na última semana, integrantes do Centrão subiram o tom contra o chanceler brasileiro e passaram a exigir a sua demissão. “Ou sai a ala ideológica ou a guerra está declarada”, disse o deputado Fausto Pinato (PP-SP), correligionário de Lira, em entrevista à Jovem Pan. A rejeição ao chefe do Itamaraty, no entanto, não se restringe à base aliada do governo Bolsonaro. Também na quarta-feira, em uma audiência no Senado, Araújo foi criticado por parlamentares de diversos partidos, que pediram a sua renúncia. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apontou que a saída do ministro solucionaria uma crise. “O senhor não tem mais condições de ficar no Ministério das Relações Exteriores. E não é para criar uma crise, é para solucionar”, afirmou. “O senhor ouviu o presidente dizer que era uma gripezinha. Faça um bem para o país e saia do Ministério das Relações Exteriores”, disse Jorge Kajuru (Cidadania-GO). “Faço um desafio a Vossa Excelência, que acha que não atrapalha o Brasil nesse momento de pandemia: peça exoneração por 30 dias. Vamos ver se, com esse gesto, não conseguimos mais rapidamente as vacinas”, pontuou a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

Na mesma sessão, o assessor da Presidência da República para assuntos internacionais, Filipe Martins, que acompanhava Araújo no Senado, fez um gesto associado a supremacistas brancos durante a fala do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). O episódio também é citado por parlamentares como mais um motivo que justificaria a demissão do ministro. “Esse é mais um componente que complica bastante a situação do Ernesto”, resumiu à reportagem um líder governista.

As críticas à atuação do chanceler brasileiro não são inéditas. No início do ano, o governo federal enfrentou dificuldades na importação de 2 milhões de doses da vacina de Oxford, fabricadas pelo Instituto Serum, na Índia. À época, Bolsonaro saiu em defesa de Araújo e negou a possibilidade de demiti-lo. “Quem demite sou eu”, afirmou no dia 21 de janeiro, em sua live semanal. É justamente pelo apoio do presidente da República e de seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao chanceler que uma ala de congressistas pondera que, apesar da pressão pela demissão, a permanência do ministro não pode ser descartada – ao menos pelos próximos dias. “Ernesto detém apoio de pessoas muito próximas ao presidente. Das outras vezes, ele atravessou crise e as superou. O núcleo duro bolsonarista sempre o apoiou”, disse à Jovem Pan o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Fonte: JP

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