tudo passa

Testes de vacina 100% nacional podem começar em abril se Anvisa aprovar, diz Butantan

Por Mais Ceará em 26/03/2021 às 20:14:30

 

Ainda nesse cronograma almejado, de acordo com o Butantan, a fabricação de 40 milhões de doses da Butanvac pode ter início no mês de maio, quando o instituto encerra a produção da vacina contra a gripe. As doses que devem ser usadas nos testes, caso sejam permitidos pela Anvisa, já estão prontas, afirma o instituto.

Há pelo menos outras 16 vacinas contra a Covid-19 ainda em fases pré-clínicas de estudo sendo desenvolvidas no Brasil. Um dos maiores entraves para que esses imunizantes migrem para a fase de testes em humanos -a mais demorada e mais cara- é o financiamento.

Na entrevista desta sexta, Dimas Covas afirmou que os gastos com os estudos clínicos seriam bancados pelo Butantan.

O pedido de autorização a ser feito à Anvisa se refere às fases 1 e 2 de testes clínicos, nas quais serão avaliadas segurança e capacidade de promover resposta imune com 1.800 voluntários. Na fase 3, com até 9.000 indivíduos, é estimada sua eficácia.

A Butanvac já passou pelos testes pré-clínicos, quando são avaliados em animais a imunogenicidade (capacidade de gerar uma resposta imunológica) e toxicidade. Segundo Dimas Covas, um laboratório da Índia também fez estudos com a vacina em animais e teria chegado a resultados positivos.

“Nós aprendemos com as vacinas anteriores, já sabemos o que é uma boa vacina contra a Covid-19. Essa será uma vacina de segunda geração, mais imunogênica”, afrimou o diretor do instituto durante a coletiva.

Nas fases 1 e 2 dos testes clínicos a vacina será usada em doses diferentes para que o efeito seja observado. O intervalo entre as doses também deve variar nos testes. Covas diz que ainda não é possível saber se a vacina poderá ser aplicada em apenas uma dose ou se precisará de um reforço -como a maior parte das vacinas contra a Covid-19 já distribuídas. ?

ENTUSIASMO E CAUTELA

Pesquisadores brasileiros comemoraram a notícia de uma vacina nacional pronta para ser testada em humanos, mas pediram mais dados e esclarecimentos sobre o desenvolvimento e o funcionamento do imunizante.

Uma vacina totalmente fabricada pelo país pode acelerar o programa de imunização, driblando os entraves internacionais que limitam o recebimento de matéria-prima para a fabricação local das substâncias -como acontece atualmente com a Coronavac e com a vacina de Oxford (Covishield), produzidas no Butantan e na Fiocruz, respectivamente.

 

Foto: Governo de SP

 

“Como cientista brasileira fico feliz, precisamos apoiar as soluções nacionais. Mas também precisamos da publicação dos dados”, afirma a imunologista Cristina Bonorino, professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e pesquisadora-associada da Universidade da Califórnia em San Diego.

“Quando os governantes anunciam algo assim, eles devem mostrar o embasamento científico”, diz a cientista.

Denise Garrett, epidemiologista e vice-presidente do Instituto Sabin, diz que faltaram esclarecimentos com relação à plataforma da vacina. “É louvável a iniciativa do Butantan de procurar uma alternativa que nos traga autonomia na vacina. Precisamos investir em ciência no Brasil. Mas gostaria de saber mais sobre a plataforma”, afirma a pesquisadora.

De acordo com Leandro Araújo Lobo, professor do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ter o Instituto Butantan por trás do desenvolvimento impulsiona o imunizante.

“O Butantan tem muita experiência na produção de vacinas e domina todas as etapas da produção de imunizantes em ovos. É uma técnica extremamente barata para fazer a replicação dos vírus que vão fazer parte da vacina”, diz o cientista.

Fonte: Banda B

Comunicar erro
CAMES

Comentários

Pintando o SeteAzul