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Pandemia evidenciou a importância de falar sobre morte, dizem especialistas

Por Mais Ceará em 02/10/2020 às 20:00:25

Em meio à crise sanitária que matou mais de 140 mil brasileiros, Almeida considera que seu trabalho ganhou relevância. "Eu pedia para falar [sobre a morte] e as pessoas não queriam. Ajudou a não ter que convencer da importância", conta ele, que durante a pandemia, viu dobrar o seu número de seguidores nas redes sociais.

Ao mesmo tempo que Almeida notou um crescimento no interesse pela temática, a Covid-19 trouxe desafios às famílias com vítimas pela doença, uma vez que o vírus impossibilitou velórios ou rituais de passagem.

Pensando nisso, Almeida desenvolveu um Guia de Rituais Virtuais. "É uma forma de tornar o processo um pouco menos doloroso para que traga mais conforto", explica ele. A plataforma auxilia na organização de uma cerimônia e também oferece profissionais que podem ser contratados, como cerimonialista e terapeutas especializados em luto.

O americano Michael Hebb, 44, é uma das inspirações de Tom Almeida e participante do festival Infinito. Ele é fundador de uma plataforma que promove jantares nos quais se conversa sobre a morte.

Na pandemia, Hebb também criou um roteiro a fim de auxiliar familiares e amigos a lidarem com seus entes internados em meio à Covid-19, com dicas de como dar mais conforto aos pacientes e até de como celebrar suas vidas.

"O coronavírus só realça a importância de falar sobre o processo da morte, ao qual todos estamos expostos", analisa Hebb, que enumera alguns medos na pandemia, como de morrer sozinho e o luto silencioso, já que cerimônias com aglomerações não são recomendáveis no atual cenário.

Ele recomenda àqueles que perderam alguém nos últimos meses que criem uma espécie de altar em algum local da casa para poder pensar no impacto que aquela pessoa teve na sua vida.

"É uma tradição antiga e uma forma de cura emocional", explica ele, que também recomenda que as pessoas planejem um funeral para o futuro. "A cerimônia próxima à data da morte é importante, mas pode ser feita depois, para honrar alguém."

A seu ver, a pandemia só evidenciou a importância de traçar um plano para o fim da vida, que inclua cuidados paliativos, invasivos ou mesmo rituais. "Especialmente durante a Covid-19, em que as pessoas são intubadas e impossibilitadas de comunicar seus últimos desejos", frisa.

O especialista conclui que passamos por um tempo em que estamos expostos, mais do que nunca, às nossas fragilidades. Mas este é também, diz, "um momento extraordinário para ser humano".

"As melhores coisas vêm em crises. Isso não significa que não haja perda e dor, mas torna as pessoas mais conscientes."

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Fonte: Banda B

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