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Impotência sexual feminina: como identificar e quais são os tratamentos?

Por Mais Ceará em 19/03/2022 às 12:57:04

Segundo especialistas, a disfunção sexual feminina é qualquer reclamação ou problema sexual geralmente decorrente do distúrbio de:

  • desejo (transtorno do desejo sexual hipoativo)
  • excitação (disfunção da excitação sexual feminina)
  • orgasmo (disfunção do orgasmo feminino)
  • dor (disfunção da dor genito-pélvica-feminina)

1.Transtorno do desejo sexual hipoativo

Ter desejo sexual é sentir vontade de fazer sexo, mas quando este está relacionado ao bem-estar físico e mental dessa mulher. Há dois tipos de desejo: o espontâneo e responsivo.

O primeiro costuma ser aquele que pode ser sentido com um estímulo visual, só de olhar para alguém, por exemplo. O desejo responsivo parte de um estímulo que pode ser algo como um contato físico ou uma conversa, levando a mulher da fase de neutralidade sexual para o resgate do desejo responsivo, ficando assim excitada.

Especialistas consideram disfunção de desejo quando a mulher perde parcial ou totalmente o desejo responsivo, e não o espontâneo. Isso pode ser constante ou ocasional. Em geral, para se chegar a um diagnóstico de transtorno de desejo sexual hipoativo, é importante que a mulher perceba uma redução do desejo sexual por mais de seis meses e que ela considere isso um sofrimento (caso contrário, não “configura” um transtorno).

Não há um tratamento específico ou único para tratar essa condição porque ele depende das causas, como efeito adverso de medicamentos, problemas de saúde mental e hipotireoidismo. Essas razões podem variar de uma mulher para outra, e por isso a abordagem dos profissionais de saúde dependerá da avaliação de cada paciente.

Há hoje dois medicamentos que podem ser usados para o tratamento do transtorno do desejo sexual hipoativo em mulheres antes da menopausa e em situações bem específicas, com ação de hormônios ou neuromoduladores e neurotransmissores. Apenas um deles, a Flibanserina, é aprovado para comercialização no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Este atua nos neurotransmissores dopamina, noradrenalina e serotonina em busca de equilíbrio que leva à uma melhora da libido. Ele foi pensado inicialmente como um antidepressivo, não pode ser usado por grávidas ou lactantes e pode causar efeitos adversos como náusea, sonolência, tontura e sensação de desmaio.

Casal conversando na cama
Legenda da foto,Um fator importante ligado às causas da disfunção sexual feminina é o relacionamento em que a paciente está

O uso de medicamentos para esse tipo de transtorno costuma ser prescrito para mulheres que não sofrem de nenhuma doença (que possa ou não afetar a libido), e que tenham um bom relacionamento com sua parceria. Além disso, por causa da complexidade desse transtorno, a exemplo das causas psicológicas, um tratamento farmacológico nem sempre será prescrito de forma isolada.

2. Disfunção da excitação sexual feminina

A excitação sexual é a sensação de prazer sexual, sentida principalmente na vulva ou vagina. Quando isso ocorre, há um aumento do fluxo de sangue na região da genitália, que “incha” e lubrifica a vagina.

No caso de uma disfunção da excitação sexual, a mulher encontra dificuldade em ficar lubrificada e sexualmente excitada. Ela pode também sentir pouca ou nenhuma sensação de desejo, ainda que haja estimulação erótica.

Entre as possíveis causas está a sexualidade da própria mulher, influenciada por questões sociais, religiosas, educacionais e psicológicas (como traumas ou abusos e outras formas de violência).

3. Disfunção do orgasmo feminino

O orgasmo costuma levar a diversas contrações no órgão sexual feminino, repleto de terminações nervosas — o clitóris tem mais de 8 mil terminações nervosas, o dobro que o órgão sexual masculino, por exemplo. A chamada anorgasmia é a dificuldade ou incapacidade de se chegar ao orgasmo mesmo com estímulo sexual.

Nesse caso, o profissional de saúde investigará em primeiro lugar o que pode ter causado essa anorgasmia. Algo bastante comum é que a mulher pode nunca ter tido ou aprendido a ter um orgasmo em sua vida.

Casal na cama
A anorgasmia é caracterizada pela dificuldade ou incapacidade de se chegar ao orgasmo mesmo com estímulo sexual

“Quando a gente pensa nas causas das disfunções sexuais femininas, a gente precisa pensar que a ciência ainda não chegou a uma única etiologia, a um único motivo”, disse em entrevista à BBC News Brasil a psicóloga e especialista em Sexualidade Humana pela FMUSP, Fernanda Bonato.

Ela explica que há muito equívoco e desinformação em torno do tema “educação em sexualidade” ou “educação sexual”, que não é ensinar nas escolas a fazer sexo. Isso se assemelha à transmissão cultural de informações que associam o sexo a questões imorais ou ilegais, o que contribui para ampliar o desconhecimento generalizado sobre o próprio corpo e o prazer.

“Então, muitas mulheres não têm, seja em ambiente escolar, familiar ou entre amigos, processos de educação em sexualidade sadios. A gente observa um silenciamento da sexualidade. E muitas vezes a mulher acaba aprendendo sobre sexualidade, mas sobre o não, sobre o interdito, como "não transe antes do casamento", "não engravide", "não transe com qualquer um". Mas daí ela não sabe o que fazer diante de uma vivência da sexualidade positiva e sadia”, afirma Bonato.

Esse desconhecimento do próprio corpo pode levar, segundo a especialista, muitas mulheres não a saberem como e onde ter prazer e também a enfrentarem disfunção sexual.

4. Disfunção da dor genito-pélvica-feminina

Esta acontece principalmente quando a mulher sente dor durante a relação sexual com penetração, podendo variar de incapacidade de experimentar facilmente a penetração ou incapacidade total para experimentar penetração vaginal.

Há três categorias principais dessa disfunção: dispareunia, vaginismo e vulvodínia.

A dispareunia é a dor genital sentida durante a relação sexual, que pode ser superficial ou profunda, sendo a superficial sentida geralmente ao iniciar ou durante a penetração vaginal, com a movimentação do pênis. Dentre as possíveis causas estão as infecções, hipoestrogenismo, infecção urinária e lubrificação vaginal inadequada. No caso da dispareunia profunda, é quando a penetração toca o colo do útero.

O vaginismo inclui espasmos musculares e contrações involuntárias, os quais podem impedir a relação sexual e capacidade de obter prazer, pois causam desconforto e dor, mas também podem dificultar o uso de absorventes internos e exames ginecológicos. As causas podem ser físicas ou psicológicas, e se manifestar após abusos ou traumas sexuais, episódios de candidíase, parto, entre outros motivos. Numa consulta, um ginecologista poderá fazer o exame pélvico e encaminhamentos a um fisioterapeuta podem ser feitos, para tratamentos que podem usar gel, hormônios e até botox nos músculos.

A vulvodínia, por fim, é a dor ou desconforto crônico na região da abertura da vagina, a qual dura pelo menos 3 meses. Esta não é causada por infecção ou alguma condição na pele daquela região. Alguns pesquisadores acreditam que dentre as causas estão as reações nervosas e até doenças autoimunes. É uma condição que ainda é estudada e pouco compreendida, e por isso suas definições podem variar.

Há diversos tratamentos possíveis para as disfunções de dor, inclusive não farmacológicos, como massagem perineal, liberação miofascial, treinamento muscular, biofeedback, dilatadores vaginais, eletroestimulação e radiofrequência. Mas cada um deles só deve ser indicado ou adotado por profissionais de saúde capacitados.

Sarah Mendonça, fisioterapeuta e professora da UniFBV e da Uninassau Olinda, explicou à BBC News Brasil essas técnicas que podem reverter ou reduzir as disfunções sexuais da mulher. Segundo ela, é fundamental que a paciente tenha seu assoalho pélvico avaliado por um profissional de saúde especializado e que se compreenda qual é a percepção dessa mulher em relação aos seus músculos, se ela tem consciência perineal, se compreende os comandos de contrair e relaxar, por exemplo.

Silhueta de mulher com a mão na cabeça preocupada
Muitas mulheres sentem dor durante a relação sexual com penetração

Os músculos do assoalho pélvico têm funções importantes na resposta sexual feminina. Treiná-los é deixá-los mais fortes, explica Mendonça, e essa alternativa costuma ser de custo e complexidade baixos e eficácia elevada. “A massagem perineal [região entre o ânus e a vagina] é uma técnica que, quando associada a outras, promove ótima resposta quando a redução dos transtornos dolorosos.”

O biofeedback perineal, por outro lado, é como uma reeducação muscular. O objetivo desse tratamento é obter controle voluntário dos músculos do assoalho pélvico, além de percepção corporal e perineal. Mendonça explica que “é inserido na cavidade vaginal uma sonda própria do equipamento e é solicitado à mulher que contraia os músculos do assoalho pélvico e acompanhe a resposta do que se pede no visor do aparelho ou tela do computador acoplado.”

Para a mulher que deseja conhecer mais o seu próprio corpo, ganhar consciência corporal e perineal, a especialista recomenda o feedback visual, “que é muito simples, é observar a própria vulva usando um espelho enquanto contrai e relaxa a musculatura”.

Fonte: Banda B

Tags:   Saúde
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