tudo passa

A invasão concedida

Por Alex Curvello

Por Mais Ceará em 07/04/2022 às 10:44:37

Vivemos em um mundo cada vez mais digital, cada vez mais "seguro" e cada vez mais observador em absolutamente tudo o que fazemos.

Recentemente assisti ao filme "1984", disponível de forma gratuita na plataforma YouTube, que retrata uma época de distopia do mundo, onde existem câmeras do governo até dentro das casas, comecei assistindo com meu avô que tem 89 anos e logo no começo do filme soltou a seguinte frase; "muito atual realmente".

O filme é baseado no livro do escritor George Orwell, que relata as mazelas que um regime totalitário pode deixar na humanidade, com a consequente grande parte humana aceitando tudo, sem questionamentos e achando bom pela sensação de "segurança" com toda essa vigilância constante da população.

Em verdade, tirando por base a grande maioria das pessoas que conheço, quase todos gostam dessa tecnologia exacerbada desde o nascimento, com as crianças sendo "acalmadas" com celulares, os colégios exigindo acesso a plataformas digitais, a necessidade quase que impositiva de se ter na idade adulta notebooks e smartphones cada vez mais tecnológicos, sem deixar de mencionar as câmaras de vigilância nas ruas, os robôs tomando empregos das pessoas e chips menores que grãos de arroz para o que nem sabemos para que servem.

Não venho aqui demonizar a evolução tecnológica e/ou científica que parte da humanidade tanto persegue, apenas relatar que isso não deveria ser utilizada de uma forma tão equivocada, até onde posso compreender, com a fuga e distância da evolução humana, no sentido interno de sentimentos, em busca do que realmente importa.

Acredito firmemente que toda essa tecnologia tem contribuído cada vez mais para ampliar o controle dos cidadãos e há perda da nossa privacidade, fazendo um paralelo ao filme citado no início, nossas "câmeras" dentro de casa, são nossos notebooks, TVs e smartphones, afinal a invasão desses aparelhos está cada vez mais comum e não temos a mínima ideia de quem realmente está invadindo, sem esquecer as milhares de câmeras espalhadas nos grandes e até nos pequenos centros urbanos.

Os sistemas de informática do mundo controlam tudo o que as pessoas fazem, quem curtem ou seguem em redes sociais, questões tributárias, empresas que consomem, movimentações bancárias, e-mails trocados e todos os nossos gastos que venham a passar pelo sistema.

O filme pode ser antigo e distópico, mas não podemos esquecer do ex agente da CIA, Edward Snowden, que vazou informações sigilosas dos Estados Unidos revelando detalhes de alguns dos programas de vigilância para monitorar pessoas em vários países do mundo e que também virou filme.

Atualmente é possível perceber a existência de diferentes formas de punição para aqueles que contrariam os governos, se recusam a obedecer e que somos constantemente vigiados, aparentemente estamos em uma humanidade causada por governos que usam a manipulação como principal sistema de controle da fidelidade das pessoas.

É algo desesperador pensar que o sistema possa vencer essa batalha de controle totalitário da humanidade, com a consciência da humanidade se desfazendo a cada geração com a necessidade da sensação constante de guerra e a ignorância das pessoas, para que a população possa existir e sobreviver de maneira ordeira, sem questionamentos.

Uma das características da evolução do ser humano foi o de adicionar palavras as línguas, sendo que no momento em que vivemos, os diálogos estão cada vez mais escassos, dando voz e vez a censura para não ter que conviver com o contraditórios, isso não leva a lugar algum, é a alienação total da população por meio do controle e mudança do pensamento.

O regime totalitário perfeito, tem a aparência de liberdade, é uma prisão sem muros onde nós prisioneiros nem pensamos em fugir, é um sistema fechado que vive de consumo, onde somos escravos e faremos de tudo para preservar nossa escravidão.

A distopia vivida em muitos escritos da humanidade é só uma fachada para o que de fato vem acontecendo com o mundo ou virá a acontecer muito em breve ou não.

Alex Curvello

Advogado

@alexcurvello

Fonte: Alex Curvello

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