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Saúde não é comércio

Por Dr Alex Curvelo

Por Mais Ceará em 15/04/2021 às 11:41:33

É público, notório e de consenso da maioria das pessoas que a Medicina é a profissão mais nobre dentre as existentes, por salvar vidas. Desde tempos idos, nunca esquecidos, quando os médicos iam da formação em universidades, a curandeiros ou farmacêuticos e aplicavam o conhecimento medicinal na tentativa de curar um enfermo, de forma desinteressada, apenas com a generosidade de poder ajudar.


Tais tempos antigos também nos levam ao motivo do símbolo da medicina. Dentre os quais vale o destaque para dois, um de que a serpente enrolada ao bastão de Esculápio, ou Asclépio, nome do deus que simbolizava a medicina na mitologia grega, tais elementos representam algumas ideias que se relacionam a medicina, a troca de pele da serpente que representa a renovação ou renascimento, bem como, seu veneno que simboliza o remédio, o poder, a sabedoria e a ciência, ou seja, a transmissão do conhecimento. Já o bastão de Esculápio pode representar a árvore da vida e o seu ciclo de morte e renascimento. Já em relação ao outro destaque, alguns entendem que o bastão remete-se a nossa coluna vertebral e a serpente a kundalini, e que o nosso despertar da consciência passa pelos nossos chackras na mesma sequência de baixo para cima, avançando e eliminando os egos, nossos defeitos psicológicos.


Por isso, de forma alguma, a Medicina deve ser tratada como mercadoria ou a vida como um negócio lucrativo. Vou relatar um terrível momento que passei recentemente, mas com um ótimo final.


Há menos de uma semana, vivenciei uma situação onde a maioria dos envolvidos de uma rede nacional de grandes hospitais - e aqui não vou mencionar o nome do hospital em respeito ao pedido do meu avô, sendo que por mim faria a exposição sem receio, mas entendo que muitos podem se identificar ou até já ter passado por algo parecido com a mesma rede.


Na madrugada do dia 09 de abril, meu avô materno, de 88 anos, que é cardiopata, passou por um quadro convulsivo por volta de 1 hora da manhã. De imediato o levamos para o hospital particular em questão. Ao chegar, nota-se uma divisão de quem tem sintomas gripais e quem não tem, e por ele ter convulsionado, foi encaminhado para a ala de sintomas não gripais. Ele foi logo

para uma sala de observação. Ainda na observação, ele convulsionou mais duas vezes. Neste momento apareceu uma médica e me informou que faria o teste para saber se ele tinha COVID.


De imediato contra-argumentei dizendo que o acompanhei desde o início, ele estava saturando bem, acima de 94, que não tinha febre, não estava demonstrando falta de ar e muito menos algum sintoma gripal. E ele estava ali por conta de uma convulsão, por ser cardiopata e no hospital já ter convulsionado mais duas vezes. A resposta dela foi: "Vou mandar fazer!" E nada mais. Não teve nenhuma atitude investigativa sobre o quadro geral de como estava, já que ele estava sendo monitorado.


Em seguida, apareceu um enfermeiro para me perguntar se meu avô já tinha tomado as vacinas contra a COVID e as datas das aplicações. Ele já havia tomado das duas doses. Mais uma vez questionei o motivo do interesse na COVID, sendo que ele estava ali por outras questões, o enfermeiro limitou-se a dizer que eram protocolos.


Já com o dia amanhecendo um neurologista que estava saindo do plantão, informou que havia deixado requisições para meu avô fazer um eletroencefalograma, tomografia do crânio e tórax, além de uma ressonância magnética. Percebam que nenhuma requisição em relação a averiguar algo do coração. Em seguida, a neurologista que assumiu o plantão, perguntou-me o que havia acontecido, e disse que iria fazer um relatório e retornava para conversar comigo. Não mais a vi.


Fui informado de que meu avô iria para uma enfermaria, apesar do plano dele cobrir assistência para apartamento, porém que os quartos estavam todos disponibilizados para tratar a COVID, e que em seguida viria uma pessoa realizar o eletroencefalograma, ainda pela manhã. Nos direcionaram para um quarto com a seguinte placa na porta "descanso dos médicos." Por lá ficamos mais de 10 horas, sem nenhum médico aparecer para falar nada. Nesse período, veio uma enfermeira informar que meu avô seria transferido para a ala da COIVD, visto que, o resultado do exame dele tinha dado positivo. Apenas a informei que ele não iria de forma alguma, e que eu tinha que falar com algum(a) médico(a). Após aproximadamente 12 horas, apareceu uma médica, sem ser a neurologista, que disse que voltaria com o relatório, sendo outra, para perguntar o que estava acontecendo.


De forma muito tranquila disse a médica que já estávamos no hospital há mais de 12 horas e que não vinha um médico ou médica falar comigo sobre o estado do meu avô. Informei que ele já tinha convulsionado 3(três) vezes. A única informação que recebi foi de uma enfermeira falando que ele tem que ir pra ala da COVID. Sendo que ele não apresentava nenhum sintoma, a médica limitou-se a perguntar se ele havia convulsionado mais uma vez, e estava sendo tratado. De imediato lhe perguntei quantas vezes o protocolo do hospital exige uma convulsão para aparecer um médico? Ela apenas calou e disse que retornaria em instantes.


Percebam que não estou também nomeando os médicos e/ou enfermeiros, que aparentemente não deram a mínima para o real motivo de meu avô estar ali. Limitavam-se a reproduzir de forma robótica que ele tinha que ser transferido. Merece destaque com louvor, quem de fato agiu como uma pessoa que deseja salvar vidas. E vou registrar. Mas, acompanhem.


Mesmo após promessas de que a mulher do eletroencefalograma viria pela manhã, depois disseram no começo da tarde, ela só apareceu por volta das 17h:30 para começar os exames.


Após eles perceberem que não iriam levar meu avô para a ala da COVID, até porque percebi um dos médicos em ligação falando com, aparentemente a administração do hospital, de que se tratava de uma família consciente e que não conseguiriam transferir o paciente para a ala da COVID. Daí iniciou uma batalha entre nosso desejo, meu e do meu tio, que revezou comigo ficar com meu avô, e a maioria dos envolvidos do hospital, que só demonstravam interesse em transferi-lo para a ala da COVID. Importante destacar, que mesmo com o diagnóstico positivo da COVID, o hospital em nenhum momento aplicou qualquer medicação para o tratamento do coronavírus. Só queriam transferi-lo.


Quando o domingo, dia 11 de abril, amanheceu, eles endureceram a tentativa de levar meu avô para a ala onde se tratava o coronavírus, e ainda por cima, dizendo que se tratava de um protocolo do hospital, que a família não poderia opinar. De imediato, respondemos que antes de qualquer protocolo de um hospital privado, que aparentemente estava mais preocupado em lucro, do que em salvar vidas, existe a vontade pessoal do paciente e o princípio da dignidade da pessoa humana; defendido e protegido após o holocausto, para que não acontecessem mais barbaridades no mundo, como aquela daquela época, de poder realizar atrocidades com pessoas sem seu consentimento em "defesa" da ciência.


Foi quando apareceu o médico neurologista, Dr. E. B. , e o enfermeiro T. L. - os que merecem destaque com louvor.

Faço inclusive o destaque apenas com as iniciais dos nomes, para não sofrerem retaliações por trabalharem com dignidade. Exercem a profissão com a verdadeira missão e o dom de salvar vidas. Demonstraram preocupação com o que realmente meu avô estava passando, fizeram um atendimento exemplar, digno das profissões que exercem. E aqui deixo toda minha gratidão de coração, por esses seres iluminados e que têm a vocação de salvar vidas.


O Dr. E. B. fez o que nenhum outro médico havia feito, foi verificar com meu avô o que ele estava sentindo, com o apoio do T. L. sempre solícito em ajudar, quando eu precisei de alguma informação ou ajuda, visto que meu avô não tinha sintomas da nefasta doença do coronavírus. Aqui vale o registro que tudo isso não se trata de negar a doença, que em sua gravidade deve ser tratada, mas de deixar claro que muitos não se interessam em verificar qualquer outra enfermidade, parece que apenas existe a COVID no mundo.


Para resumir, foi conseguido a tempo, antes da saída de fato do hospital, que meu avô fizesse uma ressonância magnética, visto que, na tomografia do crânio ou tórax não havia alteração. A ressonância foi realizada em uma clínica fora do hospital e chegamos a tempo, isso já quase 19:00h do domingo, antes do Dr. E. B. sair do seu plantão. Após verificar as imagens da ressonância magnética do crânio, a princípio foi descartado um AVC, precisava ainda analisar o laudo e sugeriu até que levássemos todos os exames feitos no hospital para o neurologista que já o acompanha. Frise-se, até aquele momento, quase 48 horas, o hospital não havia mandado um cardiologista para verificar se o que meu avô passou poderia ser algo do coração, entretanto, o próprio Dr. E. B. passou requerimentos para que meu avô fizesse fora do hospital, se optássemos realmente por tirá-lo sem ele ir pra ala da COVID.


E assim o fizemos, após os exames neurológicos não terem apresentado alterações. Realizamos já na segunda-feira uma contraprova para o exame positivo da COVID, e aqui é válido salientar que o hospital se negou em realizar a contraprova. Quando ontem, 13 de abril de 2021, o laboratório informou que meu avô não tem COVID e nunca esteve em contato com o vírus, além de já ter sido feito todos os exames relativos ao coração e não terem encontrado nenhuma alteração que não seja fruto da idade.


Perdoem-me pelo longo texto de hoje, queridos leitores, é para alertá-los

para os interesses de determinadas unidades de saúde, indústrias farmacêuticas e hospitais. Sempre insistam por uma segunda e até terceira opinião, em relação a qualquer enfermidade. Aqui, mais uma vez, agradeço ao empenho e dedicação do Dr. E. B. e do enfermeiro T. L., fantásticos em suas atuações.


Antes de terminar nosso Papo de Quinta, vale lembrar que o médico ou qualquer outro profissional que tem mais de uma fonte de renda, muito provavelmente contribua mais de uma vez ao regime geral da previdência social, sendo que o valor contributivo que ultrapassar o teto da previdência, mesmo que já contribuído, o excedente pode ser reavido nos últimos 5 (cinco) anos, consulte um(a) advogado(a) para maiores detalhes.


Por fim, fica o entendimento que a responsabilidade de quem tem mais, seja conhecimento ou condições financeiras é imprescindível no momento que estamos passando no mundo. Que possamos não naturalizar a morte e que consigamos não tornar o absurdo algo normal.



Fonte: Dr Alex Curvello

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